Capítulo 91 - O Armazém Onze

Dirigi uma van até um dos vários armazéns do meu tio. Ele tem depósitos em locais como Genshanmen, Xixi e Banshan. Oficialmente, esses armazéns são apresentados como locais para negócios de pedras preciosas, com materiais como jade de Kunlun, jade russo e pedras de Qinghai. No passado, esses itens eram transportados em grande quantidade por preços irrisórios, mas agora possuem algum valor, embora o comércio não seja tão ativo.

Na verdade, essas pedras eram apenas uma fachada. Os armazéns escondiam segredos maiores.

Além de grandes, os armazéns também serviam para guardar diversas coisas do meu tio. Sem querer ligar para ele, por medo de parecer suspeito, comecei a procurar sozinho, de depósito em depósito.

Os seguranças me reconheceram quando cheguei ao armazém em Xixi. Logo vi uma pilha de equipamentos que meu tio tinha levado para Pingtan, ainda por organizar. Percebi que estava no lugar certo.

Entrei e liguei as luzes. O armazém era imenso, e tudo estava meticulosamente embalado em tecido não tecido branco, alinhado de forma quase obsessiva. Havia linhas marcadas no chão com tinta preta, talvez para organizar melhor os objetos ou para algum tipo de proteção espiritual.

Enquanto caminhava entre os itens embalados, notei que cada pacote tinha números e anotações escritos em caligrafia fina no estilo Shoujin (uma forma elegante de escrita chinesa). Fiquei surpreso, pois nunca havia reparado nisso antes, embora já tivesse visitado o armazém.

Entre os pacotes, muitos eram pedras, mas outros, com marcas específicas, guardavam objetos mais misteriosos. Esses itens estavam associados a histórias intrigantes, muitos deles sendo artefatos mortuários de difícil manejo ou mesmo restos humanos de mortes não resolvidas. Quando ninguém podia ser responsabilizado, meu tio mantinha os corpos por 11 anos antes de cremar e despejar as cinzas em rios.

Esses armazéns ficaram conhecidos como Armazém Onze no passado.

O Armazém Onze tinha uma organização tão peculiar que, mesmo parecendo caótico, seu método era eficaz. Apenas meu tio conhecia a localização exata dos itens. Esses depósitos representavam o legado das "Nove Portas" e transmitiam uma sensação de grandeza e ordem que há muito não se via.

Apesar disso, os itens armazenados estavam diminuindo com o tempo. Enquanto buscava a figura feminina de pele humana, passei mais de três horas vasculhando até encontrar o pacote.

Esse pacote estava entre os que tinham menos poeira, tornando-o relativamente fácil de identificar.

Cortei os arames que selavam o tecido e abri o pacote. Quando vi a figura, quase caí para trás de susto, recuando vários passos antes de parar.

O rosto da figura de pele humana tinha se transformado em algo assustadoramente grotesco. Já vi muita coisa, mas aquela expressão era aterrorizante. A parte superior do rosto parecia sorrir, enquanto a inferior exibia uma expressão demoníaca. Era completamente diferente da aparência que tinha no túmulo.

Talvez o encolhimento da pele tivesse causado essa distorção, mas o impacto foi suficiente para me arrepiar inteiro.

Relutante, mas sem escolha, aproximei-me novamente com uma lanterna. A luz atravessou a pele, revelando fios de ouro e algo pendurado dentro da figura. Sem aberturas evidentes, a única forma de alcançar o objeto era colocando a mão pela boca da figura.


Capítulo 92 - A Família Bai

Engoli em seco, observando a boca grotesca da figura feminina. Apesar do medo, ela não tinha dentes, então, do ponto de vista físico, não parecia perigoso. Fiz um gesto de respeito e murmurei:
— Perdão, perdão pela ofensa.

Com cuidado, comecei a inserir minha mão pela boca. O interior era oco, parecido com um recipiente de couro. A luz do celular iluminava o suficiente para que eu visse a sombra da minha mão dentro da figura.   slot

Ao alcançar o objeto, percebi que parecia um casulo preso por fios ao interior da figura. Com um leve toque, ele caiu para a parte da perna.

Retirei minha mão e tentei iluminar o objeto na perna da figura. Ele estava preso na região do joelho, onde minha mão não alcançava. Olhando ao redor, percebi que não havia outra abertura óbvia.

Fiquei parado, encarando a figura e pensando: "Será que terei que fazer algo tão humilhante assim?" Considerar danificar a figura era impensável, pois ela era extremamente rara.

Revirei a mente, tentando encontrar uma solução. Fiz várias simulações de ângulos com minha mão, imitando poses como as de Wolverine e Homem-Aranha, mas nada funcionava. Estava frustrado quando ouvi alguém tossir atrás de mim.

Virei-me rapidamente e vi um jovem, usando uniforme de encarregado do armazém, apontando para uma câmera no teto.

Fiquei envergonhado. Levantei-me, ajustei minha postura e disse:
— Não é o que parece. Não me entenda mal.

Mostrei-lhe o objeto na figura e expliquei minha intenção. Ele olhou para mim, foi até a figura e a virou de cabeça para baixo. Com duas sacudidas firmes, o casulo caiu até a garganta.

Com mais um movimento, o objeto saiu. Ele recolocou a figura no lugar, enquanto eu o observava, atônito e impressionado com sua solução prática.

Ele me entregou o objeto e me deu um cartão de visitas antes de sair ouvindo música. No cartão, estava escrito: Bai Haotian, Gerente de Plantão do Armazém Onze.slot

A família Bai, responsável pelo armazém, tem uma longa história ligada à Grande Aliança. A linhagem da família é numerosa, com centenas de membros espalhados. Desde a era do   planejamento familiar até os tempos de grandes famílias, os Bai sempre tiveram grandes proles.  slot

Pessoas da família Bai, geralmente jovens universitários de 19 anos em Hangzhou, eram enviadas para gerenciar o Armazém Onze. Uma geração após a outra, nunca houve interrupção.

O nome Bai Haotian era imponente, e ele claramente tinha uma personalidade forte.

Olhei para o objeto que saiu da figura. Era um pedaço de pano embolorado, tão velho que parecia lama, coberto de fungos. Ao desenrolá-lo, revelou-se o que estava dentro: uma língua humana seca e mumificada.